Entrevista com Escritor Andreas Nora



Escritor de Estilo Obsceno, nasceu no Rio de Janeiro, onde morou até 1990. Vive em São Paulo. Casado há 39 anos. Estudou Arte e Literatura. Tem três Romances Publicados pela Editora Livre Expressão






1-Lendo um romance, vendo um filme, uma novela, gostaria de mudar o final? Citar exemplos?
Absolutamente Não! É preciso que se respeite o "sentimento" a "emoção" e o "conteúdo poético" que o autor deu ao seu trabalho. Muita das vezes, a questão não está na cena, no roteiro, na fotografia, numa palavra ou num texto que o autor escreveu, mas sim em quem o vê, em quem o lê; e eu posso estar fazendo uma interpretação errônea sendo imediatista numa primeira leitura da cena. Não mudo nada: Respeito profundamente o "trabalho, o desgaste" que esse autor desprendeu para sua Arte.


2-Quando percebe, porém, que a personagem está fraca, que as idéias estão murchas, você recomeça ou adota a ironia em relação a elas?
Só sento para escrever quando os meus personagens já estão prontos na minha mente e nesse processo vou "anotando" psicologicamente, mentalmente, o que pode "estar fraca", se "as ideias estão murchas"... Não! Só escrevo quando percebo que os meus personagens estão compactos naquilo que previamente imaginei; não mudo nada porque já está tudo traçado. (Aprendi assim com os meus Mestres - vários deles).


3-Quando inicia um texto sabe antecipadamente seu conteúdo?
Como disse anteriormente, quando vou Escrever já tenho tudo em mente. Fiquei na cabeça com "Você Precisa É De Uma Boa Dose De Vadiagem", 2012, um ano e uns poucos meses; o escrevi todo, inclusive Revisão em dois meses e meio. "Raira", 2013, ficou na minha cabeça três ou quatro meses, o escrevi em três semanas, mais ou menos. "Cachorro do Mato", 2014, ficou na minha cabeça uns seis meses, escrevi em três (3) semanas ou um (1) mês no máximo. Quando sento para escrever, sei exatamente o que eu quero; ou seja, o que a minha Alma quer dizer, o que o meu Sangue pede. Posso parecer pretensioso, o que de fato eu não o sou; mas eu não escrevo para agradar, para ser premiado; escrevo porque uma premência faz com que eu "expulse meu demônios, me exorcize na hora do meu trabalho, da minha Escrita, de por a prova a minha Literatura para mim mesmo.


4- Qual foi o seu primeiro e decisivo ato literário?
Ato literário no sentido de escrever, foi quando eu tinha 11 anos, em março de 1964, e o Militar começou a governar o país. O título da minha Redação, uma mistura de poesia com prosa e com teatro e com mais alguma coisa intitulada "O Boi". Foi um sucesso por alguns meses na escola! A redação não tinha nada com o momento político; diga-se. Mas a data e a aceitação do meu trabalho me marcou muito. Mais o meu primeiro ato literário "Ato Literário" definitivo em me tornar escritor, foi em 1972, quando eu estava fazendo Vestibular e li seriamente "O Cortiço", de Aluísio Azevedo. Mas aqui na sua Entrevista, revelo pela primeira vez: a Escritora que me impulsionou na Obsessão pela Escrita e que que me içou no meu Estilo Literário foi Adelaide Carraro (1926-1992 - morreu com 55 anos), considerada uma Escritora Maldita, Pornógrafa. Alguns críticos até a intitularam a "Escritora da Putaria" - eu devia ter 12 a 13 anos; lia-a escondido. E o que abriu a minha cabeça para o desespero da Alma do Homem foi Eurípides, poeta grego do séc. V a.C., que li logo depois de "Chapeuzinho Vermelho" e antes de Adelaide Carraro. Depois veio Bocage, Gregório de Matos Guerra, Bukowski, João G. Noll e muitos outros que não vou me alongar mais.


5-Quando começou a ecrever, já fazia planos de serguir carreira?
SIM! Mas por morar em litoral, pensei também em ser Marinheiro, porque tinha aquele glamour de Porto em Porto, de Cabaré em Cabaré, de um País à outro!


6- Além de escrever, o que mais faz?
Leio Muito, visito amigos e sou visitado, adoro caminhar pelo Centro "Sujo" de São Paulo ou do Rio de Janeiro quando lá estou. não faço nada; sou Vagabundo; Vadio!


7- No assunto Finanças, mas, do ponto de vista material você vive de quê. Quem paga as contas do mês?
Vivo de Rendas. Nunca trabalhei fixo; substituía um professor de Literatura aqui e ali umas poucas vezes, mas... Trabalhar, não!! Detesto compromisso de horário; imposição. A minha Renda Própria, que veio de família, paga as minhas contas.


8-Quando começou a escrever, já fazia planos de seguir carreira?
Sim! Tenho muita coisa escrita. Coisas de anos, mas nunca as publiquei porque eu não queria compromisso com nada que tirasse a minha Paz. Queria publicar e fazer Carreira mais tarde; nada de presa. Hoje, ainda gostando da Boêmia, mas tenho mais paciência e sossego espiritual para publicar. (A Fera está amansando!... hahaha!...)


9-Música de fundo é indispensável?
Escrevo em Silêncio Total: Deus, o Som da Minha Mente e o Som do Teclado.


10- É notívago ou só cria à luz do dia?
Bebo muita Vodca durante o dia. Durmo cedo. Fui Notívago em outras eras. Às cinco (5) da manhã, já orei, já me alonguei, já tomei o meu banho, já fiz o meu desjejum, e ás 5 da manhã já estou Escrevendo e vou até às 09:30 - 10:00 horas. (Crio à luz do dia).


11-Seu principal critério para a escolha de uma leitura é o título, o autor ou o assunto?
O Autor vinculado ao Assunto. (Obsceno, Pornográfico, Erótico, um Quê de Vulgaridade - Claro está, que tem que haver ARTE, FORÇA POÉTICA, ESTILO LITERÁRIO e sobretudo PAIXÃO DE SENTIMENTO, CONTEÚDO e FORÇA NARRATIVA, "S E M" pieguice e frases prontas; clichês ensaiados.


12- O mais difícil: a primeira ou a última frase?
Quando sento para Escrever já tenho a minha primeira e a minha última frase prontas. (Assim também como o Título).


13-O seu primeiro leitor: você, seu gato, um parente, amigo, editor? Ou convoca a gangue inteira para uma avant-premiére?
O meu primeiro leitor, depois de mim, evidente, é a minha mulher, a qual, quando propõe algumas alterações, são mínimas, e todas muito oportunas.


14-quais eram seus passatempos que te levaram a querer contar histórias?
A minha literatura nasce memo num passatempo chamado "Cinema Brasileiro", embora não domine o assunto, sou fã do "Cinema Brasileiro" e ele teve uma influência muito grande na minha Literatura com a direção de várias Feras, que não vou citar o nome porque posso pular alguns, mas os atores eram também fabulosos: Odete Lara, Norma Bengel, Nicoli Puzzi, Wilson Gray, Jece Valadão, Grande Otello, Carlos Vereza, Paulo César Pereio, José Legoy, Hugo Carvana, Jardel Filho... E eram todos filmes "UNDERGROUND" (faltou o nome de muitos atores, mas diretores é mais difícil - hahaha!!... Mas vou quebrar o que falei acima e vou citar um diretor Brasileiro do qual sou fã: Walter Hugo Koury)


15-De onde vêm os seus personagens? são inspirados em pessoas reais ou em fatos?
Meus personagens são inspirados em Pessoas Reais e Fatos. Vivi muito a boêmia, de botequins em botequins, convivendo com todo o tipo de gente do "submundo social"; de moradores de rua à traficantes; e presenciei cenas de todo tipo: de vagabundo entrando em camburão, piranhas apanhando de cafetão a homicídio a dois passos de mim.


16-Qual de suas obras/personagens é seu favorito? porque? o que ele significa para você?
Para mim, os meus três livros publicados, têm pesos iguais, porque cada um tem os seus próprios personagens com suas próprias aflições da alma e suas próprias vivências! Detalhe: o peso é igual porque todos os três foram escritos com todo o meu Sentimento e com o meu Sangue fervendo. E tem o seguinte: cada personagem é único: tem seu sofrimento, suas, alegrias, seus existencialismos e seus encantos.


17-alguns fato sobre você?
Sou de uma Timidez Profunda para falar em público e principalmente ser fotografado (tenho apenas meia dúzia de fotos "oficiais", passaporte, RG, CNH...). Esse é um dos fatores que não me levam a fazer Lançamento Público, nem Noite de Autógrafos. Sou muito caseiro, mas adoro frequentar um botequim desses de quinta categoria; lá converso com amigos que são ótimos Artista anônimos (Escritores, Pintores, Poetas, Músicos e Coreógrafos e Bailarinos e Funcionários Públicos, Civis e Militares de alta patente. Lá nos botequins no Centro "Sujo" de São Paulo e no Centro "Sujo" do Rio de Janeiro, converso com os mendigos, com os moradores de rua, com as prostitutas, com os travestis, com pequenos traficantes. Muitas vezes pago uma bebida para eles. Pode crer: às vezes eles pagam pra mim, mesmo o morador de rua. Amo Vodca, bebo todos os dias e quase o dia todo, e fumo também. Há alguns anos os meus amigos antigos diziam que eu lembrava Bukowski, um dos meus primeiros Mestres, e parafraseando o que diziam dele (ou ele mesmo dizia dele) "Velho Safado", me chamavam de "Velho Louco"!!... Hahaha... Agora, mudou tudo: estão me chamando de "CACHORRO DO MATO"! Mudou tudo com um título de um livro; hahaha!!...


18-curiosidades sobre seus livros?
São altamente Obscenos, mas de uma Realidade Profunda! Uma Realidade para onde não querem olhar, quanto mais ler. Uso a Linguagem Crua, Cáustica, Corrosiva, Realista; a Linguagem da Rua, da Sarjeta. E os meus personagens não são fictícios!! Vá nas zonas de meretrícios e veja. Vá aos botequins de periferia ou do Centrão da cidade e veja. Vá à cracolândia e veja. (A MINHA SATISFAÇÃO: NÃO DEIXAR A REALIDADE DO "SUBMUNDO" SER MAQUIADA POR UM MORALISMO FAJUTO!!!).



Adquira os livros do autor

Para adquirir os livros do escritor Andreas Nora, entre em contato pelo e-mail: andreasnora@gmail.com

"Você Precisa É de Uma Boa Dose de Vadiagem", 2012 - R$ 25,00

"Raira", 2013 - R$ 25,00

"Cachorro do Mato", 2014 - R$ 25,00

(frete não incluído, valor R$ 10,00)



2 Comentários

  1. Leitura e Cia,
    Que belíssimo Blog é o seu! Organizado, Fácil de se Manusear, Bonito de se ver!! Além de todo esse encanto já citado, surpreende a forma como o conteúdo é Rico é bem distribuído!
    Agradeço a essa nossa brilhante Parceria e a maneira como você me acolhe.
    MEUS PARABÉNS!!

    Andreas Nora

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    1. Obrigado Andreas que bom que gostou. Agradeço de coração.

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Ola divirta-se fica a vontade sua opinião é muito importante para nossa equipe
bjks até a proxima. *-*

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