Título: Memórias Póstumas de Brás Cubas
Autor: Machado de Assis

Com esta sua icônica obra, Machado de Assis revolucionou a literatura brasileira. Tida como a obra que iniciou o movimento literário do realismo, Memórias Póstumas intrigou os leitores da época, (Sec XIX) ao apresentar um enredo não-linear que entrelaçou fantasia e ficção realista de forma a formar história.
Um dos grandes clássicos da literatura brasileira, conta a história da vida e fracassos de Brás Cubas, nos apresentada por meio de um diálogo ousadamente direto pelo próprio Brás Cubas após a sua morte (vide título do livro).
Brás Cubas é um membro da elite brasileira do século XIX. Egocêntrico e essencialmente autossuficiente, busca a qualquer custo, ser conhecido, ser querido, ser mais. Sempre ser mais.
A narrativa leva o leitor a uma reflexão sobre os fracassos da vida do defunto, todos eles causados por sua "falta de espírito".
Machado de Assis, categoricamente, constrói um personagem altamente voltado ao bem próprio, inconformado com seu status social de anônimo, que reflete em todos os ângulos a supremacia de sua humanidade ineficaz. Ineficaz porque é demasiado humano para abster-se ao que possui, ao que é. Demasiado humano para conformar-se. E demasiado humano para realizar qualquer tarefa com maestria.
Ao meu ver, todos temos um pouco de Brás Cubas, por ele ser uma representação do vazio existencial humano. Por muito tempo dedicou-se a ser conhecido por todos, e acabou por não se empenhar em ser querido dentre aqueles que o conheciam, fato explicitado pelo autor ao narrar o velório de Brás Cubas, do qual participaram míseras onze pessoas.
O personagem aventurou-se pela carreira política ao candidatar-se e eleger-se deputado. Tentou fabricar um emplastro anti-hipocondríaco, além de, por anos, lutar pelo amor de sua "alma gêmea".
O livro carrega-se num clima de pré-clímax, onde o leitor aguarda veementemente por uma vitória de nosso improvável protagonista. Mas o ritmo do livro se mantém à medida que a história avança.
Para mim, o grande "quê" do livro é a consciência do próprio Brás Cubas no seu estado de cadáver/alma/narrador/todas as anteriores. Percebemos pelo tom de auto engrandecimento que vai se diminuindo ao longo do livro. No primeiro trecho da história, Brás Cubas orgulha-se de ser um defunto autor e utiliza-se da desculpa do engrandecimento visual da narrativa para abrir as memórias por sua morte. Já o último trecho do livro, encerra-se seu ciclo bardo com a citação:

"Não tive filhos.
Não transmiti a nenhuma criatura
o legado de nossa miséria."

Ao ler este trecho, acabei por sentir uma vontade ao ímpeto  de abraçar o narrador, por finalmente chegou a grande descoberta que buscara a vida toda, seu grande legado. E esse legado foi a simples consciência de sua miséria humana. De sua humanidade. A consciência de que somos apenas seres medíocres, buscando a fama, o prestígio, o conhecimento, a veneração. E acabamos como míseros corpos destinados a apodrecer no vazio escuro que sempre fomos. Incapazes que somos de reconhecer tal falta de sentido na existência, e ainda assim buscamos ser o que não somos, como um escape ao vácuo insosso que é a alma humana. 

Considerações finais: Machado de Assis me fez pensar muito sobre a vida, sobre o que significa ser, não ser, querer ser. O que significa viver. E o que significaria ter vivido. Por isto é um de meus autores favoritos, pela mudança de mente que nos impõe. 

"É isso que me faz amar mais e mais o livro, pois nunca chegaremos ao fim dele com a mesma mentalidade que tínhamos ao começá-lo. (Pietra Ribeiro, em declaração a uma obra que em nada é interligada a essa, para fim esclarecedor.)"


7 Comentários

  1. Oi, Francesco!
    Que texto lindo! Conseguiu expressar muito bem o quão incrível é esta obra. Na verdade sou até suspeita, pois esse é meu livro preferido do autor, que é favorito na minha vida.

    Beijo.
    livrosdawis.blogspot.com.br

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    1. Oi! Valeeeu <3 Sim, eu amo Memórias Póstumas tbm, esse livro é incrível mesmo. Não diria que o machadinho (para os íntimos) é meu fav da vida, mas sem dúvidas está neste rol. Beijos e valeu por acompanhar o blog <3 <3 espero sempre te ver por aqui ;)

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  2. Nosssaaaaa, Francesco show, olha nunca li nada do estilo que eu me lembre, sei que na escola havia, muitas leituras dele e outros autores mas eu não gostava de ler, infelizmente, e por está resenha acredito ter perdido muita coisa boa, mas ainda há tempo.... Bjks parabéns

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    1. Sim, Pri! É um dos obrigatórios do vestiba também. Asuahsa vc devia mesmo ler, é maravilhoso. Quero comprar uma edição nova dele pra sortear aqui, pode? É que a minha ja está toda (TODA) rabiscada, anotada, invadida por tags e post its e notas kkkkk

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Ola divirta-se fica a vontade sua opinião é muito importante para nossa equipe
bjks até a proxima. *-*

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