Raphael Miguel nasceu em uma manhã chuvosa e fria da remota e charmosa cidade de Botucatu SP. Escritor por paixão, publicou contos, poemas e crônicas sobre cultura pop. Possui diversos projetos literários em andamento, incluindo o lançamento de seu primeiro livro solo intitulado O LIVRO DO DESTINO, pela Chiado Editora.


ENTREVISTA Conversando com o Autor – Raphael Miguel


1- O que você acha de blogueiros fanático por livros?
 O que dizer deles? Todos nós temos direito a amar algo e esses blogueiros que citou são fanáticos por livros. Isso é muito bom. Tudo que nos ajuda a fugir um pouco dessa realidade é bem-vindo. Além do mais, se não houvessem esses amigos blogueiros amantes de literatura, seria ainda mais difícil para os escritores modernos conquistarem o público.  


2-Lendo um romance, vendo um filme, uma novela, gostaria de mudar o final? Citar exemplos?
 Pode até parecer pretensioso demais, mas pensar em finais alternativos para filmes, séries, livros acaba sendo um bom exercício criativo. Um escritor que responder de forma negativa a essa questão, não estará sendo de todo honesto com seu público e consigo mesmo. Poderia citar vários exemplos, mas poucos me ocorrem nesse momento... Mudaria, por exemplo, quase tudo que foi feito no filme X-MEN Origens: Wolverine. É um dos meus maiores pesadelos, um verdadeiro fiasco e uma tremenda sacanagem com um personagem tão importante para os quadrinhos; Definitivamente, gostaria de salvar a pele de Ned Stark nas Crônicas de Gelo e Fogo (o que alteraria significativamente a trama); Na verdade, há até mesmo histórias minhas que deveria mudar o final. O escritor jamais deve ficar satisfeito.

3-Quando começou a escrever, já fazia planos de seguir carreira?
 Sinceramente, não. A escrita surgiu como uma espécie de hobby e ainda continua assim, só que mais sério. Escrever acaba se tornando uma espécie de vício bom para a fuga dessa realidade em que vivemos.

4- Além de escrever, o que mais faz?
 Uma pergunta bastante abrangente, não? (Risos) Tentar responder nos mais variados aspectos da vida. Ser escritor não é minha profissão oficial. Trabalho como advogado, consultor e defensor público. Quem sabe, um dia, consiga largar a carreira jurídica para me dedicar somente à paixão de escrever. Como hobby, além de me inclinar sobre minhas histórias, gosto de ouvir um bom rock and roll, beber uma cerveja gelada, comer lanche, pizza, salgadinhos, pipoca, assistir filmes, séries, cozinhar, brincar com minha filhinha, namorar minha esposa, sair dar uma volta... Enfim.   

5-Música de fundo é indispensável?
 Sou um sujeito extremamente ligado à música. Em especial, ao rock and roll. Tanto que na minha biografia oficial, digo isso. Respiro rock and roll diariamente e muito do que escrevi encontra inspiração na música. Apesar disso, ao contrário de outros colegas, não consigo escrever com música ao fundo. Meio que atrapalha. Me inspiro em sons que ouço e, às vezes, até os imagino como fundo de determinadas cenas, mas não costumo ouvir ao escrever.


 6- É notívago ou só cria à luz do dia?
 Existe certo romantismo nos amantes da noite. Isso já não me pertence mais. Depois de um tempo, provavelmente depois do nascimento da minha filha, durmo como uma pedra quase todos os dias. (Risos) Por outro lado, sendo que a escrita não é minha profissão oficial, não consigo produzir somente à luz do dia. Devo ser uma criatura diurna e noturna.

7- O mais difícil: a primeira ou a última frase?
 Responder a essa pergunta. (Risos) Bem, a primeira frase pode ganhar leitores, mas a última pode desapontá-los. Se por um lado é difícil iniciar uma escrita, também dificultoso terminar. Obviamente, a história deve ter um começo, meio e fim, mas o importante é iniciar bem e terminar melhor ainda. Preocupo-me muito com os finais e creio que seja uma responsabilidade ainda maior dar um bom final à trama do que um começo memorável. A maioria dos leitores irá lembrar do final com mais carinho do que o princípio. Por isso, por causa dessa responsabilidade que o final carrega, o mais difícil é a última frase. Elaborar um final decente para aquela história que saiu da sua cachola. O Livro do Destino, por exemplo, teve sua nota derrubada de 5 para 3 por uma blogueira apenas por causa do final. Outros acharam o final incrivelmente incrível e deram nota 5 especialmente por causa do fim.

8- O seu primeiro leitor: você, seu gato, um parente, amigo, editor? Ou convoca a gangue inteira para uma avant-premiére?
 O primeiro leitor de meus trabalhos sou eu. Costumo dizer que o escritor deve ser seu maior fã, mas também seu maior crítico. Dessa forma, me cobro muito em ler e reler, revisar e consertar erros que passaram desapercebidos. Porém, como não sou imparcial (está é minha metade fã falando alto), procuro uma segunda opinião que, quase sempre, vem de minha esposa. A Camila (minha esposa) é minha leitora beta e crítica ferrenha. (Risos) Mas, devo admitir que não gosto de mostrar meus trabalhos quando ainda estão sendo desenvolvidos. Melhor esperar eu terminá-los.

9-Quais eram seus passatempos que te levaram a querer contar histórias?
 Sempre gostei muito de roteirizar e minhas brincadeiras eram bem elaboradas. Não era daqueles moleques aloprados que gostam de correr atrás de bola e passam o dia encardidos. Com aqueles bonecos tipo playmobil, construía verdadeiros enredos e tramas, muitas até mesmo maduras para minha idade. Ao brincar de carrinho, desenvolvia toda uma história por trás, com hominhos, a coisa era ainda mais séria. Também, assistia muitos desenhos com bons desenvolvimentos de argumento, como o elefante Babar e o repórter aventureiro  Tintim na saudosa TV Cultura. Muito possivelmente, foi desse fascínio por enredos desde a tenra idade que surgiu minha fixação por contar histórias.

10-De onde vêm os seus personagens? São inspirados em pessoas reais ou em fatos?
 De onde surgem meus personagens? Boa pergunta! (Risos) Na boa, acho que eles sempre existiram na minha mente conturbada, mas aguardam o momento ideal até aflorarem em uma de minhas histórias. Como respondi na questão 9, desenvolvi minha paixão por escrever ainda na infância e alguns de meus personagens que surgiram em recentes tramas, vieram de brincadeiras infantis. Talvez, um ou outro personagem seja inspirado em pessoas reais, mas na maioria esmagadora das vezes, eles simplesmente surgem e me pedem para inseri-los. Por exemplo, na trama de O Livro do Destino (Chiado Editora), Nathaniel surgiu como uma grata surpresa. Não fazia ideia de que iria inseri-lo até notar que o enredo pedia por um personagem como ele. No fim, o Guardião se tornou indispensável.  Sabe, às vezes tenho a impressão de que os personagens são reais. Quem sabe eles não habitam uma outra dimensão ou realidade? Loucura isso tudo, né?

11-Qual de suas obras/personagens é seu favorito? Porque? O que ele significa para você?
 Olha, essa é, de longe, a pergunta mais difícil de ser respondida. (Risos) Em tantas tramas e subtramas, fica difícil eleger UM grande personagem. Posso escolher alguns?

- Príncipe Handre Helt (A Saga de Esplendor, ainda não publicada) – Handre é o típico príncipe de armadura e virtuoso e é isso que mais admiro nele. Em épocas de personagens cinzentos e sombrios, o herdeiro do trono do Reino de Agat é a figura do mocinho clássico. Além disso, obstinado, Handre pertence a uma organização que defende o Reino sob as costas de dragões, a Ordem dos Dragões. Corajoso, o Príncipe está sempre disposto a lutar em favor de Agat e para proteger àqueles que ama.

- Eric Dias (O Livro do Destino) – Eric começa a trama como um rapaz sem muitas ambições na vida e segue seu caminho de forma bastante despretensiosa até que recebe uma herança que o obriga a tomar várias atitudes. Dias não é corajoso no início da trama e luta várias vezes com as possibilidades que lhe são oferecidas, mas suas atitudes são de uma pessoa genuinamente bondosa. No final de O Livro do Destino, Eric acaba tomando uma atitude inesperada e até mesmo drástica que muda radicalmente suas perspectivas. É essa coragem adormecida de Eric que me faz admirá-lo.

- Judah (conto O Sobrevivente) – Judah (que não tem seu nome revelado durante o conto) é um ser moldado pelas condições em que vive, o longínquo ano de 2500 onde há escassez de água e transborda violência. Um anti-herói que faz coisas horríveis para sobreviver. O que mais gosto nesse personagem é sua vontade de viver e a ausência de culpa que sente nessas ocasiões.

- Eveline (Ácido & Doce, ainda não publicada) – a protagonista dessa história que ainda desenvolvo é uma girl power muito bem resolvida sexualmente e que sabe aonde quer chegar. Sua garra e perseverança são admiráveis, assim como sua determinação. Eveline é aquele tipo de garota que não tem medo de se impor e faz de tudo para alcançar seus objetivos. Você não iria querer ficar entre seu caminho.        

12-Alguns fato sobre você?
 Antes, queria manter-me como um homem misterioso. Tinha para mim mesmo que não iria me expor e ganhar o imaginário popular de tal forma. Estava tão enganado! (Risos) O fato é que é necessário mostrar que sou apenas um cara como tantos outros para ficar ainda mais próximo de meus leitores. Bem, vamos aos fatos, relevantes ou não:
A – Quando criança desenvolvi uma doença rara chamada Síndrome de Moto Kawasaki, que matou muitas crianças no Japão.   
B – Sou formado em Direito e pós-graduado em Direito Ambiental.
C – Sou casado.
D – Sou pai de uma menina, e adoro isso.
E – Comecei a escrever, para valer, em 2012;
F – De 2012 a 2014, trabalhei somente em uma história chamada A Angústia do Conselheiro (ainda não publicada) o primeiro volume de A Saga de Esplendor.
G – Participei de mais de 15 antologias literárias de contos e poemas entre maio e dezembro de 2015.
H – Escrevo crônicas sobre cultura pop na Revista Varal do Brasil;

13-Curiosidades sobre seus livros?
 Existem segredos sobre meus livros que irei levar comigo para o túmulo. (Risos) Mas, algumas curiosidades posso revelar.

A – O Livro do Destino (Chiado Editora) é meu primeiro livro-solo publicado, mas não meu primeiro livro escrito, este é A Saga de Esplendor: A Angústia do Conselheiro (ainda não publicado).
B – Tanto O Livro do Destino quanto A Angústia do Conselheiro despertaram o interesse de várias editoras, mas acabei optando por dar um passo de cada vez e lançar O Livro do Destino pela Chiado Editora.
C – Meus livros se passam em dois universos; um contemporâneo (Selo Urbano) e outro medieval (Selo Agat);
D – Pretendo fazer universos interligados e personagens conjuntos.


14- Você já tem algum livro novo em mente para ser publicado?
 Livros. (Risos) Paralelamente à divulgação de O Livro do Destino, estou terminando de escrever e revisar Ácido & Doce. Ainda trabalho em alguns arremates de A Saga de Esplendor e tenho uma história para terminar chamada Mirim. Por fim, já tenho em mente os argumentos de outras histórias, uma chamada Chance 2  e outra chamada Planeta Brutal.



Deixe um comentário

Ola divirta-se fica a vontade sua opinião é muito importante para nossa equipe
bjks até a proxima. *-*

Topo