Eu poderia começar esse post de inúmeras maneiras... como uma indicação de filme para entretenimento — uma vez que não deixa de ser entretenimento da melhor qualidade —, um clássico do cinema — estabeleceu inúmeros plots até hoje usados pelos clichês — ou como uma aula de interpretação — com a performance impecável de Gloria Swanson.

Com uma premissa simples, mas surpreendente e metalinguística, o filme de Billy Wilder busca refletir a decadência e a margem da indústria cinematográfica de vários pontos de vista — uma atriz de filmes mudos que perdera o emprego com a chegada das películas sonoras, um roteirista sem obra-prima e uma leitora de roteiros que sonha em escrever.
Joe (William Holden) vê-se preso na propriedade de Norma Desmond (Gloria Swanson), uma atriz egocêntrica que caíra no esquecimento.
O jovem roteirista é contratado para ler um manuscrito escrito pela própria Norma, que promete, com tal, refirmar-se na indústria do entretenimento após a grande mudança que tomou seu emprego e fama — a transição do cinema mudo para o falado.

"Não precisávamos de diálogos.
Nós tínhamos rostos.
O filme é narrado pelo próprio Joe, que conta a história de forma amarga e crítica, carregando em sua voz o peso de uma crítica muito bem feita aos filmes da época do cinema mudo, que valorizavam as atrizes por sua aparência.
Mas a crítica é muito mais complexa e crua. Muito além disso, o filme critica a dificuldade de sobreviver na indústria, a alienação dos artistas e sua dependência da arte, a busca veemente pela fama à qualquer custo e o fenômeno do estrelismo.
Norma é uma personagem insana por si mesma, enquanto Joe busca o lugar ao sol do qual ela desfrutara antes de cair no esquecimento. A personagem possui um medo irracional de envelhecer, de perder a adoração dos ditos fãs.
E talvez a sequência de fatos — que sempre estiveram lá — houvessem sido muito para ela. Demais. E sua mente, em um nobre ato de autodefesa, driblou a realidade. E concretizou sua insanidade, nos dando um dos melhores filmes Hollywoodianos já feitos.

A genial cena da escada - destaque para a interpretação de Gloria.

Com interpretações incríveis, fotografia belíssima e um roteiro ríspido, Sunset Boulevard merece ser visto e revisto.
A narração de Joe me lembra da de Brás Cubas no icônico romance de Machado de Assis que introduziu o realismo à literatura brasileira, seja por seu narrador ou pela rispidez do que é narrado.


A arte desperta o sentimento. O sentimento origina a arte. 
O filme de Billy Wilder, assim como o romance de Machado de Assis foi uma das obras que mais influenciou a minha escrita, servindo de inspiração para um projeto que nasceu no tumblr (que ainda vou ressuscitar) e migrou para o Wattpad: As Crônicas Suicidas.
Um desabafo em forma literária, Crônicas Suicidas é uma maneira de caricaturar o dia a dia e as facetas ocultas de cada um de nós. É uma forma de denunciar a influência dos crimes silenciosos na mente de um outro. Um baile de máscaras deve acabar.
Obrigado Billy Wilder, pela obra-prima. 


I'm ready for my close-up...





2 Comentários

  1. Vou procurar esse filme para o meu projeto de 365 filmes por ano. Você já assistiu "Cantando na Chuva"? fiz uma resenha desse filme no meu blog. Se você ainda não assistiu, tem que assistir porque é maravilhoso.
    Abraços!
    http://umlivroabertoig.blogspot.com.br/

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bjks até a proxima. *-*

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