Resenha - Ciranda de Pedra (Lygia Fagundes Telles)

Mais uma resenha sem sinopses, porque creio que qualquer texto frio, que não seja contaminado pelas emoções de seu autor, não descreverão a incrível leitura pela qual as palavras de Lygia Fagundes Telles nos levam.
Virgínia é uma criança de lar desfeito. Suas irmãs foram morar com o pai, enquanto ela continuou na casa da mãe adoecida e do padrasto.
A partir da visão da Virgínia criança, inocente e perspicaz, acompanhamos Laura — a mãe — adoecer pelo que acreditam ser a punição de seu adultério.
O casamento com o pai de Otávia, Bruna e Virgínia há muito havia deixado de ser sinônimo de amor. E Laura se apaixonou por um outro homem.
Julgada por seu crime, observou uma patologia mental levar-lhe a sanidade, a família e a realidade. A bela mãe estava sentenciada a se tornar um espectro daquela que fora.
Em meio a um lar conturbado por relações incompreensíveis para uma criança, acompanhamos o crescimento da filha caçula, em um drama sobre aceitação, sobre descobertas e todas as formas de amor.
Lygia nos comove com a frieza de Natércio, o desprendimento gradativo da vida de Laura, a confusão de Virgínia, com as diferentes relações de amizade e afeto, e com a tragédia que é a perda da inocência em uma realidade que demanda um pouco de ingenuidade para que haja a sobrevivência.
Com uma linguagem simples, que se perde na narrativa, nos prende, nos alucina, a autora manipula nossas emoções. Uma história na qual o antagonista é uma faceta dos próprios mocinhos, em uma representação fiel da ambiguidade humana e dos conflitos internos.
5 constelações.